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7 de julho de 2021A representatividade do comércio digital no volume de negócios do varejo farmacêutico ainda é discreta, mas os números durante a pandemia tornaram o segmento âncora de estratégias para 2021. A expectativa é de um acirramento da concorrência com a entrada de novos atores no varejo.
De acordo com a IQVIA, o faturamento do e-commerce no varejo farmacêutico saltou 93% em 12 meses – de R$ 1,78 bilhão para R$ 3,44 bilhões. Em paralelo, a receita dos marketplaces que contam com medicamentos em sua plataforma aumentou 173% no ano passado em relação a 2019, segundo a Neotrust/Compre & Confie.
Esse cenário despertou a atenção do mercado farmacêutico para players que já têm o chamado DNA digital, como é o caso da Farmadelivery. A farmácia online soma 16 anos de existência como e-commerce, e 30 no varejo farmacêutico. Com o rápido advento do comércio eletrônico, foi adquirida no último mês de setembro pela InvestFarma, controladora da Poupafarma. Com a transação, o grupo prevê ampliar em 30% a receita anual.
“Nosso faturamento aumentou 55% só em 2020 e agregamos quase 7 mil SKUs ao portfólio desde outubro. Hoje temos 25 mil SKUs, mas projetamos chegar a 35 mil em 2022, com reforço de categorias como a de dermocosméticos, saúde e bem-estar, além de produtos relacionados à imunidade”, comenta Celso Jose Pereira, diretor de novos negócios da Farmadelivery.
Mas para absorver a crescente demanda, a empresa planeja redobrar a aposta em novas tecnologias. “O CD de 6 mil m² que operamos em Santo André, no ABC paulista, já garante atendimento a todo o território brasileiro. Porém, vamos implementar hubs em outras regiões para baratear a última milha”, antecipa Pereira.
Outro investimento é a incorporação de uma nova plataforma operacional para melhorar a experiência de compra, somada a recursos de inteligência artificial e big data para ampliar a taxa de conversão. A Farmadelivery também iniciou conversações com consultorias para atrair startups focadas em soluções logísticas. “Esse é nosso principal entrave atualmente, já que o custo dos fretes responde por 8% a 12% do tíquete médio, comprometendo o acesso de mais consumidores ao varejo digital”, explica.
A vez dos marketplaces
Players tradicionais do varejo farmacêutico também direcionam esforços para a criação de marketplaces. É o caso da RaiaDrogasil, estimulada pelo resultado de R$ 1,2 bilhão com vendas em canais digitais em 2020 – um valor quatro vezes maior que o montante alcançado no ano anterior.
A rede aposta em uma plataforma para oferecer novos sortimentos da divisão de bem-estar, incluindo medicamentos de manipulação; e outra dedicada a serviços de saúde online. Para esta última, a empresa deu início à aproximação com startups de tecnologia como a Tech.fit, que desenvolve aplicativos de orientação e gerenciamento de atividades físicas e nutrição. “Queremos elevar a RaiaDrogasil para outro patamar e ir além do varejo farmacêutico, entrando na saúde integral”, endossou o CEO Marcilio Pousada.
O caminho parece promissor para a empresa que terminou 2020 com um market share recorde de 14,7% e a liderança absoluta no varejo farmacêutico nacional segundo a Abrafarma – mais de 10 bilhões à frente do segundo colocado, o Grupo DPSP. Analistas do banco Safra enxergam na Panvel e no Rappi dois concorrentes a curto prazo aos planos da RaiaDrogasil. Com crescimento de 60% frente a 2019, o comércio online já representa 15,4% dos negócios da varejista gaúcha. As plataformas digitais, inclusive, receberam R$ 18,5 milhões de investimentos no ano, utilizados em novos serviços como o aplicativo de vendas e na integração de PBMs e receituário eletrônico. Em 2021, a Panvel terá um marketplace.
“Será uma evolução da nossa presença digital com o propósito de contribuir para a saúde da população de uma maneira mais abrangente”, pontua o diretor-presidente Júlio Mottin Neto. A companhia, inclusive, constituiu uma equipe própria de marketplace para captação de vendedores e estruturação da tecnologia.
Já o Rappi iniciou incursão no setor em um projeto-piloto com a Drogaria Venancio no Rio de Janeiro e em Niterói. O aplicativo intermediará a venda de medicamentos com receita digital. O grupo está com conversações com outras redes para viabilizar a mesma operação em São Paulo e acaba de inaugurar 26 dark stores em quatro cidades brasileiras para agilizar e descentralizar o processo de entrega. Em 2020, os pedidos de produtos de farmácias pelo app subiram 79% em comparação com o ano anterior.
E-commerce nas redes regionais
Empresas com força regional como a Drogal, com 208 lojas em mais de 70 municípios do interior de São Paulo, viram o e-commerce quadruplicar em 2020. Esse desempenho deu sustentação para a rede agregar novas tecnologias à operação de venda, entre as quais o uso de carteiras digitais como meios de pagamento – Mercado Pago, Iti Itaú e PIC Pay.
“A mais recente inovação foi a inclusão do PIX, há duas semanas. Também estamos desenvolvendo parcerias com transportadoras que possibilitam entregas em até duas horas em cidades de maior porte”, destaca o diretor administrativo Marcelo Cançado, que revela ter recebido, inclusive, pedidos de clientes do eixo Norte-Nordeste. “O varejo digital tem o poder de expandir fronteiras do setor em curto prazo, tendência que se fortalece ainda mais se houver integração com a loja física”, acredita.
Apoio à inovação
Em parceria com a Farmácia Indiana, a Drogal é uma das idealizadoras da Farma Ventures, que completou um ano de existência com a proposta de trazer soluções disruptivas para o varejo farmacêutico. A primeira venture builder do setor planeja chegar ao fim do ano com 25 startups integrando seu portfólio, incluindo empresas focadas no aprimoramento dos prazos de entrega de produtos e na gestão de pagamentos.
“A iniciativa possibilita ao setor suprir algumas de suas carências no atendimento ao cliente e na implementação de novos serviços. Nosso propósito é construir o futuro do varejo farmacêutico com conexão e inovação”, comenta o CEO Marcos Knosel.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico